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Deixar de ser criança

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Mensagem por Tatoia Ter Jul 22, 2008 3:54 am

Há coisas na vida em que é positivo e se valoriza, não perdermos a criança em nós.
Quando começamos a enumerá-las rapidamente notamos que fazem todas
parte do grupo de Lazer, pois mesmo quando se educa uma criança e
brincamos com ela, não é o nosso lado de criança que comanda, mas sim,
o adulto em nós que escolhe as melhores formas de nos relacionarmos com
ela e por consequência, as nossas memórias do que eramos em criança
complementam as nossas acções.

Este tema é polémico, na medida em que estamos numa altura em que ser
positivo é muitas vezes definido como ser divertido, alegre, jovem e
lutar pelos sonhos. E a confusão fica na ideia já antiga, mas que ainda persiste em muitas cabeças pensadoras... de
que os sonhos ainda são mais das crianças do que dos adultos, de que
imaginar coisas à partida impossíveis e julgá-las sempre possíveis é
"coisa de criança". Mas se estivermos em ambiente de descontracção,
lazer, "já não faz mal" ser criança.

A "criança em nós" quando adultos, advém da ideia base de que as
crianças pensam segundo ideias simples, baseadas em fundamentos simples
da sua aprendizagem do mundo. Conseguem fazê-lo porque ainda não se
"fundiram" com os conceitos sociais, não formaram ainda "ideias
pré-concebidas", nem ficaram com estigmas de experiências passadas na
sua própria vida. Por isso, é que quanto mais nova a criança é, mais
mágica nos parece em tudo o que comunica. Ela traduz a forma mais
simples e imediata de interagir e sempre que a tentamos imitar sentimos
essa mesma leveza de espírito e bem estar interior.

"Ser criança" no nosso trabalho, não parece à partida uma frase
positiva, por associarmos ainda a ideia de "criança" á infantilidade
inocente das acções de um ser humano, à burrice tonta, à trapalhice e
distracção em coisas fúteis. Mas "ser criança" em adulto, em nada se
define com estas formas de estar negativas. Ser tonto em adulto, não é
puxar "a criança em mim", é apenas ser tonto! Ser burro em adulto, não
é "ser criança" ou infantil, é ser simplesmente burro! Da mesma forma,responder sempre com a mesma frase positiva, não é ser positivo. É imitar as crianças quando recorrem à repetição de uma mesma frase sempre igual de forma cíclica, porque funcionou numa dada altura com os adultos, como propagador de ternura e bem estar, mas que em nada contribui para a troca e partilha de experiências entre adultos.

Nenhum adulto atinge o que pretende sendo criança, mas sim usando a sua
capacidade inata de pensar de forma simples, sobre variáveis simples e
sem ideias pré-concebidas. Isto trás-nos a tal jovialidade que muitas
vezes assumimos como "lembrar a criança em mim", mas é uma jovialidade
assente em permissas de um adulto que opta por raciocinar de uma
determinada forma em vez de outra.

Por outro lado, há ainda adultos que não abandonaram o seu lado
criança, por se recusarem a enfrentar a sua experiência de vida como
adultos que são, o seu caminho e tudo o que têm o dever e o privilégio
de aprender com isso. Há adultos que só parecem mágicos e grandes para quem os
quer ver como "adultos inocentes e bondosos", quando na verdade são
adultos que recusam a avançar na sua aprendizagem e rapidamente passam
a tolos e infantis quando a sua liberdade invade a liberdade criadora
de um outro adulto, ou em nada contribui para qualquer avanço evolutivo.

Geralmente estes "adultos", usam do fascínio das acções e gestos das
crianças para terem o afecto que procuram, tendo geralmente grande
necessidade de receber elogios para manterem a convicção inabalável de
que são boas pessoas. Esta necessidade constante de afectos e elogios
existe nestes adultos porque eles próprios sabem de forma inata que
estão em dívida para com eles mesmos, que deveriam estar a agir de
outra forma, assumindo a sua viagem, os seus erros, as suas
deficiências, e as suas vitórias. E é por causa deste saber inato de que
são culpados pela sua própria vida e insegurança, que procuram eternamente afecto e se exprimem com formas
desmesuradas desse afecto que procuram, num ciclo diário onde se
recolhem ao mínimo indício de que afinal não são o centro do mundo -
ideia elaborada pelo ser humano quando ainda é criança.

Por estas razões, as relações que estes adultos têm com outros adultos, são e serão sempre deficientes, até ao dia em que conseguirem crescer e passar a ser auto-suficientes no que concerne ao limar do ego e auto-estima, aprendendo a enquadrá-lo numa vida adulta plena. O ciclo então, quebra-se, e para eles mais do que para qualquer outra pessoa, os elogios excessivos, as visões dramáticas e as palavras de um extremo de afectos e ternuras num mundo visto como céu e inferno, chupa-chupas e estrelinhas, luzinhas ou relâmpagos assustadores... quebra-se como um espelho velho e amarelecido, onde o ser adulto finalmente se assume como adulto e está preparado para assumir a sua vida e as suas acções à medida das suas vivências.

Não se iludam, é muito mais agradável trocar e partilhar experiências com um adulto que sabe já não ser criança mas opta por viver segundo pensamentos simples, do que um adulto que se acha doce como as crianças e opta por eliminar pensamentos baseados na sua experiência de vida como adulto. O melhor dos afectos é aquele que se recebe com reconhecimento de causa, os artigos que são dados de forma gratuita num supermercado, na verdade, nunca o são.


Última edição por Tatoia em Ter Jul 22, 2008 4:16 am, editado 3 vez(es) (Motivo da edição : correcção ortográfica)
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Mensagem por Mago Qua Jul 23, 2008 7:55 am

Exitem 4 coisas que podemos sempre aprender com uma criança:


  • Estar sempre ocupados com algo, é fácil e natural nas crianças. Pura e simplesmente não conseguem estar quietas e isso é positivo. Quando temos algo que nos move, que nos faz agir, sentimos esta necessidade tal como as crianças. Distraiam a vossa mente.


  • Ficar feliz naturalmente é uma técnica incrivel que temos à nascença e que vamos esquecendo. Usem ancôras se necessário, mas pelo menos duas vezes por dia pensem em algo positivo, bom, e sorriam. Sintam-se felizes. Se practicarem isto a vossa mente fica treinada para atingir este estado de felicidade em qualquer momento, especialmente nos mais dificeis.


  • Lutar por aquilo que queremos. Quando uma criança não obtêm o que deseja, luta por ela. Faz birra, arranja maneiras de obter o que deseja. Concentra-se mesmo naquilo que pretende obter até o conseguir. Se mantivermos esta capacidade de seguir o que desejamos, será mais fácil obter tudo o que queremos na vida. ATENÇÃO: Claro que como adultos não vamos fazer birra para obter algo. O importante é mantermos o sentimento de conseguir aquilo que queremos.


  • Ser curiosos e observadores. Procurem, admirem-se com as coisas. Perguntem. Não tenham vergonha de não saberem. Se não perguntarem ou investigarem poderão nunca saber a resposta para algo que necessitam de aprender. Vivam a vida com UAU... Admirem-se com a beleza das coisas. Observem tudo com atenção. Admirem-se por a relva ser verde, por o céu ser azul, e porque o céu não cai, ou porque as estrelas piscam.


Soltar a criança que há em nós, é um dos melhores métodos para elevar o nosso estado de espirito. Aprendi muito enquanto palhaço clown (uma das minhas antigas profissões) pois tem muitas parecenças com uma criança. Sorrir e fazer sorrir é das coisas mais extraordinárias, e tanto um palhaço como uma criança têm essa capacidade.

Como foi dito e muito bem, infantilidade não tem nada a ver com irresponsabilidade. Ser infantil é permitir vermos o que uma criança vê. Brincar, sorrir, pular, imaginar coisas, imaginar amigos, etc..
Sejam um pouco crianças pelo menos uma vez por dia (5 minutos como os tolos como diz a Tatoia Wink ).

Dou-vos pequenos exemplos de como brincar e que eu posso garantir que resultam, pois costumo fazê-los:
- Conversar numa lingua que não existe (falo muito com os meus irmãos assim e entendemo-nos perfeitamente).
- Falar com as máquinas. Máquinas de tickets nas autoestradas, máquina do café, carros, microondas, impressoras, etc... Digam bom dia, agradeçam , peçam coisas, etc...
- Dizer algo completamente fora do contexto da conversa. Vão fazer as outras pessoas ficarem a olhar para vocês de maneira estranha mas vão-se rir.
- Usem a vossa expressão corporal e facial exageradamente a conversar.
- Brinquem com tudo.


Os bobos têm mais poder do que os reis! jocolor queen
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